Olha, como aconteceu algo curioso no mercado brasileiro este ano. Começamos 2025 super animados, com a Bolsa bombando e dinheiro estrangeiro entrando a rodo. Aí, do nada, esses mesmos investidores começaram a fazer as malas e ir embora. Rapidinho.
Você também notou essa montanha-russa e está se perguntando o que rolou? Vamos conversar sobre isso.

Como estava tudo no começo do ano?
O início de 2025 foi daquelesmoneyblack.com.br de empolgar qualquer um. Nossa Bolsa (a B3) estava voando! O Ibovespa subiu mais de 12% só nos três primeiros meses. As empresas menores, então, foram ainda melhor, com alta de quase 16%.
Sabe quando você está numa festa animada e de repente chega mais gente legal? Foi mais ou menos isso que aconteceu com nossa Bolsa. Os gringos desembolsaram cerca de R$ 28,5 bilhões entre janeiro e março. Para você ter uma ideia, foi o melhor começo de ano desde 2019!
Janeiro foihttps://www.xpi.com.br/ o mês mais forte, com R$ 12,3 bilhões entrando. Em fevereiro foram R$ 9,8 bilhões e em março R$ 6,4 bilhões. Dava para notar que já estava diminuindo, mas ainda era muito dinheiro.
E onde esse dinheiro todo estava indo? Principalmente para:
- Empresas de minério, petróleo e agro (sabe como é, o Brasil é forte nisso)
- Bancos (eles sempre gostam dos nossos bancões)
- Empresas de infraestrutura, principalmente energia e transportes
- Algumas empresas de tecnologia, embora em quantidade menor
Estava tudo indo às mil maravilhas. Até que…
E aí, o que deu errado?
Quando abril chegou, a história mudou completamente. Assim, do dia para a noite. De repente, os investidores estrangeiros começaram a tirar o dinheiro daqui numa velocidade assustadora.
Em apenas três meses, saíram R$ 32,7 bilhões. Isso mesmo! Mais do que tinha entrado no trimestre anterior. Só em abril foram R$ 15,2 bilhões indo embora, seguido por R$ 10,8 bilhões em maio. Em junho o ritmo diminuiu um pouco, mas o dinheiro continuou saindo.
Isso já https://www.xpi.com.br/aconteceu outras vezes? Claro que sim! Durante a crise de 2008, cerca de R$ 24,6 bilhões deixaram o país em apenas três meses. Na nossa crise política de 2015-2016, foram R$ 41,2 bilhões ao longo de seis meses. Então não é o fim do mundo, já vimos esse filme antes. Mas confesso que assusta ver esse troca-troca tão rápido: num mês estão entrando, no outro saindo correndo.
E de onde era esse dinheiro que foi embora? Principalmente dos EUA (58% do total), seguido de fundos da Europa (27%), especialmente da Alemanha e Reino Unido. Os asiáticos responderam por 12%, com destaque para Japão e Singapura. Curiosamente, o pessoal do Oriente Médio não correu tanto. Eles parecem olhar mais para o longo prazo quando investem por aqui.
Fatores externos: não foi só culpa nossa
Pra entender direito essa fuga de dinheiro, precisamos olhar o que estava acontecendo lá fora também.
Primeiro, os juros nos EUA. O banco central americano (o famoso Fed) começou a subir os juros mais agressivamente para segurar a inflação por lá. É como se você tivesse uma poupança rendendo 1% ao mês e, de repente, surgisse uma opção pagando 1,5% com menor risco. Para onde você iria?
Na Europa a mesma coisa. O Banco Central Europeu também aumentou suas taxas. Quando isso acontece, fica mais atraente para os investidores deixarem o dinheiro nesses lugares considerados mais seguros, em vez de arriscar em países como o Brasil.
Além disso, o mundo ficou mais “estressado” nesse período. Aquelas tensões no Leste Europeu e no Oriente Médio voltaram a preocupar, e a China (que compra um monte de coisas da gente) deu sinais de que estava esfriando sua economia.
Tem um indicador que mede o “medo” do mercado, chamado VIX. Quando ele passa de 30 pontos, significa que o pessoal está bem assustado. E ele ficou acima disso várias vezes nos últimos meses. Quando o medo bate, a primeira reação é correr para o conhecido, para o seguro — e infelizmente o Brasil não está nessa categoria.
Por último, depois de um período difícil no final de 2024, os mercados dos EUA começaram a se recuperar bem. As empresas de tecnologia, principalmente as de inteligência artificial, voltaram a subir forte. Aí imagine a situação: juros mais altos por lá, menos risco e ainda chances de ganhar com a valorização das ações. Difícil competir, né?
Problemas nossos também não ajudaram
Seria ótimo dizer que a culpa é só dos outros, mas não dá. Tivemos nossa parcela de contribuição para essa debandada.
O governo estava com dificuldades para aprovar reformas importantes. Nossa dívida pública passou de 80% do PIB (ou seja, devemos mais do que 80% de tudo que produzimos em um ano). E todo mundo sabe que governo endividado é sinal de perigo.
As próprias empresas brasileiras também não estavam ajudando. Depois de um bom começo de ano, os resultados do início do segundo trimestre começaram a desanimar. Os custos subiram, as margens de lucro diminuíram e o crescimento da receita desacelerou.
O varejo sentiu bastante. Sabe aquela sensação de que o salário não está rendendo como antes? Pois é, o consumo esfriou.
Os balanços divulgados em abril e maio não foram ruins, mas ficaram abaixo do esperado em 60% dos casos. É como quando você espera tirar 9 na prova, mas tira 7,5. Não é ruim, mas você fica meio frustrado, né?
Para completar, tivemos algumas decisões polêmicas em setores específicos. Mudanças nas regras para energia elétrica, conversas sobre novos impostos para mineradoras e petroleiras, e incertezas sobre renovação de concessões em infraestrutura. Tudo isso deixou o pessoal lá de fora com aquela pulga atrás da orelha: “Será que vale a pena mesmo investir no Brasil?”
E, cá entre nós, ainda temos aqueles problemas de sempre: muita burocracia, sistema tributário complicado e logística cara. Quando o dinheiro está sobrando no mundo, o pessoal até releva isso. Mas quando começa a apertar, esses detalhes pesam mais.
Mas nem tudo está perdido: sinais de que eles podem voltar
Apesar desse cenário que parece um filme de terror, tem algumas coisas boas acontecendo que podem trazer os estrangeiros de volta.
Nossa economia não está tão mal assim. A inflação está um pouquinho acima da meta, mas sob controle. O desemprego tem caído e está em 7,8% — um dos menores níveis em anos. Isso é ótimo!
Nossas exportações continuam bombando, principalmente no agronegócio e mineração. E temos quase US$ 340 bilhões em reservas internacionais. É como ter um bom colchão de dinheiro guardado para emergências. Isso nos dá segurança e, comparado com outros países emergentes, estamos numa situação menos vulnerável.
Outro ponto positivo é que, depois dessa fuga de capital, as ações brasileiras ficaram bem mais baratas. O índice que mede quanto se paga pelo lucro das empresas (chamado P/L) estava em torno de 12 no início do ano e agora está em 8,5. Para você ter uma ideia, no México esse índice está em 12 e na Índia em 18.
É como aquela liquidação após o Natal — as mesmas coisas, só que mais baratas! Várias empresas grandes e sólidas estão com desconto de 30% em relação ao que os analistas consideram o preço justo. É uma pechincha, e os estrangeiros adoram uma promoção.
E tem mais: depois desse susto, o governo parece ter acordado para a importância de continuar com as reformas. A tributária está avançando, com regras mais claras para as empresas, e voltaram a falar da reforma administrativa.
Também anunciaram medidas para desburocratizar e melhorar o ambiente de negócios, com simplificação de regras em setores importantes e programas de concessão com diretrizes mais claras. Se isso sair do papel, pode mudar a percepção sobre o Brasil e atrair o dinheiro de volta.
O que fazer enquanto os gringos não voltam?
Se você é investidor, esse momento, embora assustador, pode ser uma boa oportunidade. É naquela hora que todo mundo está vendendo que surgem as melhores pechinchas.
Uma estratégia legal é ir comprando aos poucos. Em vez de gastar todo seu dinheiro de uma vez, divida em parcelas para investir ao longo de vários meses. Assim você não corre o risco de comprar justo no topo.
Alguns setores estão sofrendo menos com essa saída de capital estrangeiro:
- Empresas de serviços públicos, principalmente do setor elétrico, que têm receitas estáveis e pagam bons dividendos
- Negócios ligados a consumo essencial, como supermercados e produtos básicos
- O setor de saúde, incluindo hospitais e planos de saúde
- Empresas do agronegócio, especialmente as que exportam
Se você quer se preparar para quando os estrangeiros voltarem, fique de olho nas empresas que eles tradicionalmente gostam: as grandes empresas de commodities, os bancões e líderes de mercado com boa governança.
E como saber quando eles estão prestes a voltar? Alguns sinais importantes são: juros americanos parando de subir (ou começando a cair), redução nos índices que medem o medo do mercado global, melhora nas notas que as agências de classificação de risco dão ao Brasil, e aumento no volume de empresas brasileiras captando recursos lá fora.
Concluindo…
Essa história toda da saída dos estrangeiros da nossa Bolsa mostra como o dinheiro internacional pode ser “volúvel”. Entra rápido, sai rápido.
Mas também não é o fim do mundo. Já passamos por isso antes e sempre nos recuperamos. É como aquela fase difícil que a gente enfrenta na vida — parece que nunca vai acabar, mas um dia acaba.
Para quem consegue manter a calma e olhar mais para frente, esse momento pode ser até uma oportunidade e tanto. As mesmas empresas boas de sempre estão lá, só que mais baratas.
O segredo é não entrar em pânico, diversificar bem seus investimentos e ficar atento aos sinais de que o vento está mudando. Porque uma hora ele muda, pode apostar!
Não necessariamente. Grande parte do impacto negativo já foi absorvido pelos preços atuais. Além disso, investidores locais podem enxergar valor nas cotações atuais e começar a comprar, estabilizando os preços. O importante é analisar cada empresa individualmente, em vez de olhar apenas para o movimento do mercado como um todo.
Historicamente, esses ciclos duram entre 6 e 18 meses, dependendo dos fatores que os causaram. Se a saída foi motivada principalmente por fatores externos (como taxas de juros globais), a reversão tende a acontecer quando esses fatores mudarem. Se foram questões internas, a recuperação pode depender de melhorias no cenário doméstico.